01 maio 2010

O lago

Não gosto muito de lagos. Nunca gostei. São estranhos, muitas vezes escuros e nunca sei que tipo de seres por lá habitam. Mas o lago era agora o único sítio onde sentia o mínimo de conforto. A brisa leve, o som inexistente.
Caminhava de um lado para o outro, pequena distância, sempre alternando a direcção. Gosto do som das galochas quando entram em contacto com a terra húmida. Recordam-me as tardes em que pesacava com o meu pai, ainda criança. Não sabia pescar mas adorava ir com ele. Ele bem tentava ensinar-me a puxar o peixe mas sem a sua ajuda o mas certo era a cana ser levada pelo peixe.
Aquelas minhocas enjoavam-me mas nunca o dizia para que o pai não me dissesse para ficar em casa da próxima vez.
A pesca não era para mim mas ficar em casa a ajudar a mãe a fazer um dos seus muitos bolos com cobertura de açúcar não era uma opção.
Paro em frente ao lago. Está deserto. A erva balança com o vento. Até que é bonito. Meto a mão no bolso e tiro uma pequena pedra. Levanto o braço, dou lanço e atiro-a. Ela salta sobre a água. Pensei que só faziam isto em filmes, mas não. A água do lado mexe-se por breves segundos e volta ao normal. Tudo calmo, tudo como estava, imóvel.
Regresso a casa a correr, sentindo a brisa bater-me na cara enquanto respiro aquele cheiro puro do lago que não gosto.

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