01 maio 2010

Vila Real, 2h51m.



A sala de minha casa está a ficar repleta de fumo. Deveria sentir-me incomodada? Reparo que o aquecedor está ligado com o intuito de aquecer este grande espaço, mas devido à existência de meia dúzia de fumadores a janela está aberta quebrando pondo de parte qualquer tentativa de ambiente acolhedor. Deveria importar-me?
Já três minutos se passaram desde que comecei a escrever este texto. Não sei porque demoro tanto: escrevo com a mesma velocidade de sempre e não penso muito no que vou escrever. Acho que lá no fundo estou noutro mundo, atenta a outras coisas, com a mente noutro lugar, noutras pessoas.
Meia dúzia de pessoas que aqui estão, sentadas em cadeiras e bancos, apoiados na mesa de vidro que em outras ocasiões é a o palco de jantares com os amigos ou companheira de estudo, quando este acontece. Na mesa nada de lasanha, nada de leite com bolachas ou somente um cházinho. Não há computadores nem montes de folhas espalhadas cujo conteúdo constitui algo fundamental para passar na frequência. Desta vez, como tantas outras vezes, o poker é o companheiro de noitada. Não há álcool, apenas fumo e conversas.
Estou mais afastada, não porque não me enquadro, somente porque não gosto muito de poker. Prefiro refugiar-me no sofá enquanto vejo um filme, coisa que tenho feito imenso ultimamente. Aliás, até iniciei uma lista onde vou anotando os filmes que já vi até agora e os que vou vendo.
O filme acabou, o fumo decidiu aceitar o convite da fria brisa que corre lá fora. O aquecedor, esse continua sem efeito algum. O som das fichas de poker atrai por vezes a minha atenção. Mas eu não estou aqui. Estou, eu sei. Mas não estou. Não sei se me entendem, não sei sequer se quero ser entendida. Não sou nenhuma equação cuja resolução deriva de um método facilmente aprendido. Nunca gostei muito de matemática. Não sei porque a invoquei.
A mesa vai-se esvaziando. São precisamente 3h05m.
Mas o que importa isto afinal? Sou apenas uma rapariga, que escreve o que lhe vai na mente, com uma enorme vontade de mergulhar bolachas no leite quente.

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