01 maio 2010


Abre a janela, sente o dia, fecha os olhos imaginando o sol; sai do quarto, desce as escadas, ou melhor, o corrimão, como em tempos fazia. Não toma o café da manhã nem sequer se dá ao trabalho de vestir algo mais apropriado. Imagina o mundo, tudo que nele se passa naquele exacto momento em todos os continentes.
Na América ainda é de noite, pensa.
Pega numa maçã, das encarnadas pois desde cedo diz não gostar do sabor das verdes; abre a porta principal com enorme brutalidade. Quer sair de casa, apenas isso.
O jardim permanece igual desde ontem, desde à dois, três, quatro dias; desde à dois, três, quatro anos. O banco vermelho já tem ferrugem, sinais do tempo, mas encontra-se no mesmo sítio: debaixo do Carvalho.
Corre até ele. Senta-se. Respira ofegantemente até se acalmar. Deita-se no banco, encostando os joelhos ao peito, envolvendo-os com os braços.
E rapidamente adormece. Ali os pesadelos não a atormentam.

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