- É um som interessante.
- Qual?
- O leve som que se forma quando passo o dedo suavemente pelo copo, sempre em círculo. Quase parece um assobio que desaparece se for demasiado rápida nesta dança entre copo e dedo.
- Sara, já bebeste demais...
- Não. A bebida apenas me faz pensar, parar um pouco, reflectir....
- Como disse, já bebeste demais, não dizes coisa com coisa.
Um breve silêncio invadiu a mansão. As canhotas continuaram a arder na lareira. Os estalidos da madeira a queimar quebravam a ausência de som, ainda que por pouco tempo.
- Sabes André, estou farta de viver nesta vida de mentira, nesta casa de bonecas, nesta mansão onde vivemos os dois e os nossos ecos. Quase nos perdemos aqui. Não aguento mais vestir estas roupas que as pessoas adoram só pelo seu preço. Porquê? São só roupas. Apenas e só, roupas.
Será a seda melhor que o algodão? Oh sim, é. Mas sabes? Prefiro o algodão porque a seda é a luxúria, a vaidade, o inferno. E o algodão... O algodão é a simplicidade, o conforto, a vida que eu tinha e desejo voltar a ter...
- SARA!!! Olha para mim... - André agarra-a pela mão, vira-a na sua direcção, afasta-lhe o cabelo do rosto e olhando-a nos olhos prossegue - Eu só queria dar-te uma vida melhor, dar-te coisas boas, fazer-te feliz. Nunca pensei que estivesses assim, triste, revoltada, infeliz...Desculpa!
No dia seguinte, a mansão da rua 5 tinha um letreiro na entrada. "Vende-se", dizia. Cá fora, no verde jardim, mesmo junto à piscina, uma festa para a vizinhança decorria. Uma pequena mesa com limonada. Rissóis e croquetes eram os petiscos. Acabara-se o champanhe e o fondue. À esquerda, uma balcão improvisado surgia entre a multidão. Roupas e mais roupas em cabides eram vendidas a preços de fazer rir.
André e Sara cumprimentavam os vizinhos, aquelas pessoas simples que viveram três anos na porta ao lado da sua e com quem nunca trocaram uma única palavra.
A festa durou até de madrugada mas a noite fresca pouco ou nada incomodou os presentes, muito menos Sara e André. Essa era uma das coisas boas das camisolas algodão...
- Qual?
- O leve som que se forma quando passo o dedo suavemente pelo copo, sempre em círculo. Quase parece um assobio que desaparece se for demasiado rápida nesta dança entre copo e dedo.
- Sara, já bebeste demais...
- Não. A bebida apenas me faz pensar, parar um pouco, reflectir....
- Como disse, já bebeste demais, não dizes coisa com coisa.
Um breve silêncio invadiu a mansão. As canhotas continuaram a arder na lareira. Os estalidos da madeira a queimar quebravam a ausência de som, ainda que por pouco tempo.
- Sabes André, estou farta de viver nesta vida de mentira, nesta casa de bonecas, nesta mansão onde vivemos os dois e os nossos ecos. Quase nos perdemos aqui. Não aguento mais vestir estas roupas que as pessoas adoram só pelo seu preço. Porquê? São só roupas. Apenas e só, roupas.
Será a seda melhor que o algodão? Oh sim, é. Mas sabes? Prefiro o algodão porque a seda é a luxúria, a vaidade, o inferno. E o algodão... O algodão é a simplicidade, o conforto, a vida que eu tinha e desejo voltar a ter...
- SARA!!! Olha para mim... - André agarra-a pela mão, vira-a na sua direcção, afasta-lhe o cabelo do rosto e olhando-a nos olhos prossegue - Eu só queria dar-te uma vida melhor, dar-te coisas boas, fazer-te feliz. Nunca pensei que estivesses assim, triste, revoltada, infeliz...Desculpa!
No dia seguinte, a mansão da rua 5 tinha um letreiro na entrada. "Vende-se", dizia. Cá fora, no verde jardim, mesmo junto à piscina, uma festa para a vizinhança decorria. Uma pequena mesa com limonada. Rissóis e croquetes eram os petiscos. Acabara-se o champanhe e o fondue. À esquerda, uma balcão improvisado surgia entre a multidão. Roupas e mais roupas em cabides eram vendidas a preços de fazer rir.
André e Sara cumprimentavam os vizinhos, aquelas pessoas simples que viveram três anos na porta ao lado da sua e com quem nunca trocaram uma única palavra.
A festa durou até de madrugada mas a noite fresca pouco ou nada incomodou os presentes, muito menos Sara e André. Essa era uma das coisas boas das camisolas algodão...
3 comentários:
BRUTAL ! :O
que história linda *-*
muito bom!
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