tag:blogger.com,1999:blog-7148008966473589872023-11-15T06:16:50.919-08:0010.04Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.comBlogger31125tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-32040252743077617842012-10-12T09:14:00.000-07:002012-10-12T09:14:36.678-07:00A morte<div style="text-align: justify;">
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Não passamos de meros seres que um dia viram pó. Se existe certeza na vida é que esta não dura para sempre. Mas ter conhecimento da realidade não a torna mais fácil de encarar quando esta acontece ao nosso redor. E a dor propaga-se, alastra-se, contagia, torna-se cruel e insuportavel... até ao dia em passa.</div>
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Chorar não nos faz sentir melhor, pensar e falar sobre isso não ameniza o ardor no peito...mas é incontrolável. E de nada serve afirmar que, quem vai, seguramente irá para um lugar melhor, e com isto não quero dizer que não acredito nesse tal lugar. Mas a vida é com um jogo: basta perder uma peça para deixar de fazer sentido.</div>
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Sempre ouvi dizer que em alturas como estas devemos encarar a vida com, outros olhos, dar-lhe mais valor e lutarmos mais pelo que tanto queremos. Sim, em alturas como estas apetece-me libertar palavras e sentimentos que até ao momento guardo só para mim... mas também a revolta surge fazendo-me pensar no que andamos afinal aqui a fazer.</div>
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Se pelo menos a perda de alguém nos fizesse realmente viver intensamente como se tudo acabasse no minuto seguinte... mas são tudo palavras, e palavras leva-as o vento. Resta lidar com a dor e esperar que passe. Porque não passamos de meros seres que um dia viram pó.</div>
Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-19548894883653356272012-08-22T16:35:00.000-07:002012-08-22T16:35:23.414-07:00Impaciente.Estou a perder a calma. Encontro-me a desatinar, muito provavelmente sem motivo. Mas não sei nada e as poucas certezas que tenho parecem não ser suficientes para combater as minhas dúvidas. Sei que devo esperar. Mas esperar custa, principalmente quando não sei pelo que espero.Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-6557228880509308232012-05-24T17:13:00.001-07:002012-05-24T17:13:31.500-07:00Apontamento 1Atenção! Eu não pedi nada disto. Simplesmente não tenho o poder de controlar tudo na minha vida...Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-75512703245419457242012-05-22T14:43:00.000-07:002012-05-24T15:31:32.937-07:00Razão Ilógica<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-95eJ1kAHCBU/T761iEglt3I/AAAAAAAAD7w/cs5ETZwKLb8/s1600/a.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" src="http://4.bp.blogspot.com/-95eJ1kAHCBU/T761iEglt3I/AAAAAAAAD7w/cs5ETZwKLb8/s640/a.png" width="640" /></a></div>
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<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">fonte: weheartit</span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
O ser humano tem sempre uma incrivel tendência para complicar o que na verdade todos sabemos que é extremamente simples. Mas é sempre difícil lidar com o básico uma vez que quase nada nesta vida o é, porque é suposto ser assim, ou porque tal nos foi imposto e sempre vivemos desta forma. E se tentarmos quebrar esta corrente o mais certo é sofrermos, simplesmente porque os outros não estão preparados para tal realidade.</div>
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Todos, no fundo, afirmamos que devemos viver cada dia como se fosse o último. E a questão que me assola no meio disto tudo é: Então porque não o fazemos?</div>
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Tenho encarado a vida com outros olhos. Coisas da vida. A verdade é que gostava que muitas coisas mudassem, que aproveitássemos mais em vez de nos enjaularmos numa cela repleta de medos, pudores, inseguranças e fantasmas do passado. Num mundo perfeito, seríamos capazes de enfrentar tudo isso, de engolir em seco, controlar a incerteza e arriscar. Mas em vez disso preferimos ficar presos a mil e uma situações vividas. Não era suposto aprendermos com os erros e com o que porventura correu mal em vez de permitirmos que isso nos impeça de viver o presente? E se parássemos de programar o futuro, não era bem melhor?</div>
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Sempre me disseram que devemos lutar pelo que queremos, o que me ensinou a dar ouvidos à razão. Mas a razão por vezes é ilógica e impede-nos de aproveitar o momento. Estou cansada de ser fiel a mim própria quando parece que todos acham extremamente complicado compreender-me. Mas mudar não é opção. Não vou parar de sonhar, de olhar em volta e achar tudo incrivelmente belo, de ver sempre a vida pelo seu lado romântico e de dizer tudo aquilo que penso e sinto, só porque sim. </div>
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Calma. Necessito ter calma, ser ponderada no que digo e faço. Talvez assim, desta vez, tudo seja melhor...</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-8147971064769178522012-05-09T12:57:00.000-07:002012-05-24T12:58:05.819-07:00O Conselho- Faz o que sentes e será verdadeiro!<br />
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E desde essa tarde pacata passada na esplanada no café Azeitona que começou a enfrentar o mundo de outra maneira. Para quê pensar? Pensar em demasia faz mal à saúde e só nos impede de viver com intensidade. Mas nem tudo é tão linear. O mundo não está preparado para a espontaneidade. Tomara ela fazer sempre o que sente. Talvez assim parasse de viver na insegurança e de sentir dor de barriga, todas as noites antes de adormecer.</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-22984638470117628302012-05-04T13:01:00.000-07:002012-05-24T13:02:08.295-07:00O VazioAcorda a meio da noite sem saber a verdadeira razão da insónia. Pé ante pé chega à cozinha, procurando sem cessar um copo limpo onde possa beber água. Tem andado desleixada. A casa que outrora parecia saída de uma revista de decoração está, definitivamente, de pernas para o ar. Tal como a sua mente. Tal como o seu coração. Irrequieta na solidão onde nada faz sentido, abre calmamente a janela para sentir a brisa na cara. Talvez isso a consiga fazer sentir-se um pouco mais viva.<br />
Melhores dias virão, pensa. Afinal, sempre acreditou que tudo acontece por uma razão!Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-65351596048313651482012-04-12T22:33:00.000-07:002012-05-23T22:34:02.315-07:00O Momento<div style="text-align: justify;">
Depois da tempestade vem a bonança. Mas seria realmente assim? Ele questionava-se vezes sem conta se o deveria ter feito ou se as coisas simplesmente acontecem por um motivo.</div>
<div style="text-align: justify;">
A dúvida avassaladora fazia ronronar dentro de si um sentimento de insegurança simplesmente incontrolável, infindável. Fechou os olhos durante breve segundos e o silêncio acolhedor rapidamente o fez recordar o toque da sua pele, o cheiro do seu cabelo, a sinceridade do seu olhar e a pureza do seu sorriso. O buzinar incessante da carrinha de transporte de mercadorias do Sr. Manuel da Mercearia Primavera rapidamente o fez regressar à terra. E ela já ali não estava. Pudera ele fazer o tempo voltar atrás. Mas assim nunca saberia que nada é eterno!</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-26312343973880160682011-12-26T10:53:00.000-08:002011-12-26T10:53:40.643-08:00<div style="text-align: justify;">A vontade perdeu-se algures pelo caminho, fruto da falta de motivação. No peito, uma dor ardente, incessante, impossível de suportar, difícil de controlar.</div><div style="text-align: justify;">A comida não tem sabor, as flores ficaram sem cheiro, e o mundo ficou cinzento de um dia para o outro. Os olhos não querem ver, a boca não quer falar, o coração não quer sentir. Mas essa dor não desvanece, não tira folga e não dá descanso.</div><div style="text-align: justify;">O tempo não é seu amigo pois tudo o que lhe resta fazer é esperar que o sol volte a nascer, quente e brilhante, como outrora.</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-28018150078286085762010-08-29T13:48:00.000-07:002010-08-29T14:11:17.361-07:00A Mansão<div style="text-align: justify;">- É um som interessante.<br />- Qual?<br />- O leve som que se forma quando passo o dedo suavemente pelo copo, sempre em círculo. Quase parece um assobio que desaparece se for demasiado rápida nesta dança entre copo e dedo.<br />- Sara, já bebeste demais...<br />- Não. A bebida apenas me faz pensar, parar um pouco, reflectir....<br />- Como disse, já bebeste demais, não dizes coisa com coisa.<br /><br />Um breve silêncio invadiu a mansão. As canhotas continuaram a arder na lareira. Os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">estalidos</span> da madeira a queimar quebravam a ausência de som, ainda que por pouco tempo.<br /><br />- Sabes André, estou farta de viver nesta vida de mentira, nesta casa de bonecas, nesta mansão onde vivemos os dois e os nossos ecos. Quase nos perdemos aqui. Não aguento mais vestir estas roupas que as pessoas adoram só pelo seu preço. Porquê? São só roupas. Apenas e só, roupas.<br />Será a seda melhor que o algodão? Oh sim, é. Mas sabes? Prefiro o algodão porque a seda é a luxúria, a vaidade, o inferno. E o algodão... O algodão é a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">simplicidade</span>, o <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">conforto</span>, a vida que eu tinha e desejo voltar a ter...<br /><br /><br />- SARA!!! Olha para mim... - André agarra-a pela mão, vira-a na sua direcção, afasta-lhe o cabelo do rosto e olhando-a nos olhos prossegue - Eu só queria dar-te uma vida melhor, dar-te coisas boas, fazer-te feliz. Nunca pensei que estivesses assim, triste, revoltada, infeliz...Desculpa!<br /><br />No dia seguinte, a mansão da rua 5 tinha um letreiro na entrada. "Vende-se", dizia. Cá fora, no verde jardim, mesmo junto à piscina, uma festa para a vizinhança decorria. Uma pequena mesa com limonada. Rissóis e croquetes eram os petiscos. Acabara-se o champanhe e o <span style="font-style: italic;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">fondue</span>. À esquerda, uma balcão improvisado surgia entre a multidão. Roupas e mais roupas em cabides eram vendidas a preços de fazer rir.<br />André e Sara <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">cumprimentavam</span> os vizinhos, aquelas pessoas simples que viveram três anos na porta ao lado da sua e com quem nunca trocaram uma única palavra.<br />A festa durou até de madrugada mas a noite fresca pouco ou nada incomodou os presentes, muito menos Sara e André. Essa era uma das coisas boas das camisolas algodão...<br /></div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-68545264647439249792010-08-02T14:19:00.000-07:002010-08-02T14:36:43.429-07:00O Alpendre<div style="text-align: justify;">- Acorda, é só um pesadelo!!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Miguel acordara sobressaltado, quase caiu da cama de rede pendurada no alpendre da casa de campo dos seus avós.</div><div style="text-align: justify;">Visitava-os todos os anos, na última semana de Julho, e a visita prolongava-se quase até finais de Agosto. O clima lá era maravilhoso: nem muito quente, nem muito frio. Os dias de calor eram sempre acompanhados de uma leve e suava brisa, que fazia esvoaçar os cabelos dourados da vizinha do lado, aquela que fora a única e a primeira a captar a atenção de Miguel.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Miguel olhou em voltam ainda ofegante e desnorteado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Calma - disse Camila, a doce rapariga de cabelos dourados e olhos azul vivo que fazia cortar a respiração de todos, ou quase todos, os jovens da aldeia - Foi só um pesadelo, já passou!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Camila segurou-lhe na mão quente e suada. Olhou-o nos olhos um pouco envergonhada, respirou fundo e muito calmamente perguntou com a sua voz meiga:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Com que sonhaste tu, afinal? Quero dizer... que sonho poderia ser tão mau para te deixar neste estado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Miguel já calmo retribuiu o olhar. Apertou com um pouco mais de força a mão de Camila, fazendo-lhe suaves festas com o polegar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Foi algo quase sem nexo mas que me assustou de morte.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Sim...? - disse Camila, como se pedisse que continuasse.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Sonhei que te perdi para sempre, que desaparecias do mapa, que nunca mais podia sentir a tua mão na minha, olhar para os teus doces olhos...como agora. Sonhei que morrias e que assim perdia a oportunidade de te dizer algo que já há muito quero que saibas....</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- E isso é...? </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Amo-te! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Camila ficou quieta, espantada, sem palavras, mas sempre com olhos fixos em Miguel.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Miguel continuou, apressadamente e sem jeito:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- ... E pode parecer estranho dizer-te isto sendo tu minha amiga mas amo-te desde a primeira vez que te vi, ou seja, desde os 12 anos por aí, e desde então que só te quero a meu lado, nem que seja somente como amiga, eu....</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nada mais disse. Não porque não quisera, não porque seria inútil. Somente porque não pudera, tamanho foi o beijo apaixonado que terminou a conversa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-4302542464891831002010-07-01T16:12:00.001-07:002010-07-01T16:26:19.329-07:00O fim<div style="text-align: justify;">Não vou abrir, já disse.</div><div style="text-align: justify;">Por favor, não insistas. Dá meia volta e continua o teu percurso. Percorre todas as casas da minha rua, desde o meu número. Sete, cinco, três, um. Deixa de pisar o meu tapete da entrada, aquele que a minha mãe insistiu que eu comprasse para que não me esquecesse de limpar as galochas vermelhas ao entrar, depois de mais uma tarde de jardinagem, como costumava fazer em sua casa, quando lá morava.</div><div style="text-align: justify;">Parece que foi ontem que de lá sai. E desde então tudo piorou. Deixaste de me amar, aos poucos. Deixaste o nosso amor cair e quebrar-se, lentamente. E agora assim estamos, separados.</div><div style="text-align: justify;">Insistes. Insistes de tal modo que amanhã mesmo serei obrigada a mudar de campainha por já estar farta de ouvir sempre o mesmo som. Porque não páras? Porque não finges que sai da cidade, e páras?</div><div style="text-align: justify;">Não, não me ligues. Não me ligues pois não é solução. Não irei atender. Não posso atender. Não quero ouvir mais juras de amor, não quero que digas mais uma vez que vai tudo voltar ao que era. Não quero que me mintas na cara.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E de repente, o silêncio apoderou-se do número 9 da Rua das Laranjeiras, a campainha teve descanso. Alice sentou-se no cadeirão vermelho que se encontrava junto à lareira. Evitou olhar para os retratos que estavam sobre a mesma, mas mesmo assim foi inevitável. Os olhos ficaram vermelhos, as lágrimas começaram a cair, passando calmamente pelas maças do rosto e caindo delicadamente no chá de camomila que habitualmente bebia.</div><div style="text-align: justify;">Só assim estaria pronta para a visita de amanhã. Só assim estaria pronta para mais uma sinfonia irritante de campainhas e telefones. Só assim conseguiria lidar melhor com a perda do melhor sentimento que alguma vez tivera.</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-53151660169388688952010-06-27T07:08:00.000-07:002010-06-27T07:15:46.995-07:00Mercado.Passou mais uma vez por mim na rua, como já é costume todas as manhãs de sexta-feira. O mercado abre e ela, tal como eu, é das primeiras pessoas a chegar. O cheiro da fruta fresca e do pão acabado de fazer ajuda-nos a mover o corpo da cama até aqui. Mas ela não tem nenhuma obrigação. Já eu...<div>Só de pensar que queria ser pintor em Paris. Ideia ridícula, talvez. Mas vender fruta no mercado não é o que mais desejo na vida, ainda que tudo isto tenha a sua magia.</div><div>Pego no lápis e no caderno de capa negra. Risco aqui, risco ali...até que o desenho se compõe. Mas nunca ninguém irá vê-los, eu sei.</div><div>Finalmente aproxima-se da minha barraca. Diz "Bom dia", mas não com a voz doce de outrora.<br /><div>Hoje está diferente. Não fala tanto, não sorri tanto. Nem sequer tirou os óculos de sol. </div><div>Pergunto-lhe se está tudo bem e as lágrimas começam a escorrer-lhe pelo rosto.</div><div>Tento dar-lhe a mão, meio à toa. Ela foge.</div><div>Desde aquele dia que o mercado deixou de ser parte da sua rotina. Desde aquele dia que o mercado perdeu a magia que tinha a meus olhos. Foi naquele dia que fugi para Paris.</div><div><br /></div></div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-73147830059061338002010-05-23T14:39:00.000-07:002010-05-23T14:51:35.810-07:00A Carta<div style="text-align: justify;">Consigo sentir o cheiro dela a léguas de distância. Nada mais parece existir além dela. Seus olhos, cor da água, translúcidos. Seu cabelo é seda em minhas mãos, seu corpo a perfeita escultura a meus olhos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">23 de Junho de 1953. Triste data esta que anuncio. Perdi seu cheiro, seus olhos, seu cabelo, seu corpo. Perdi toda a sua luz. Perdi os suspiros, os sorrisos, as lágrimas. Os desabafos e preocupações, nunca mais as poderei ouvir pois sua voz agora é uma simples memória.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sei que não compreenderão. Sei que nunca irão perdoar esta decisão tola mas sábia. Mas ela está tomada, não há volta a dar. Meu testamento, deixo-o na primeira gaveta da velha secretária da sala de chá. </div><div style="text-align: justify;">Apenas quero que entendam que o que fiz foi por amor pois vida sem amor não é vida. E assim me entrego à morte. Talvez assim volte a encontrar a felicidade, a seu lado, novamente.</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-55623930512334692452010-05-21T13:15:00.001-07:002010-05-21T13:20:56.347-07:00O Adeus<div style="text-align: justify;">-Adeus!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Após um beijo caloroso, virou costas e partiu. Nada ficou a não ser a tristeza. Na memória, o seu bafo quente toca-me levemente durante a noite, onde amarrados um ao outro dormimos, faça frio, faça calor.</div><div style="text-align: justify;">A gargalhada sonora ainda reside nos meus ouvidos. As piadas outrora ditas ainda me fazem rir. Mas ele não está aqui, junto a mim. </div><div style="text-align: justify;">E ainda que a ausência seja curta a olhos alheios, a mim parece não ter fim.</div><div style="text-align: justify;">Resta-me esperar. Esperar enquanto durmo sozinha, amarrada ao travesseiro onde em dias dormiste, para não me sentir só, pelo menos para sentir que estás um pouco comigo.</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-91299546038309366982010-05-15T08:20:00.000-07:002010-05-15T08:25:24.018-07:00<div style="text-align: justify;">A música leva-me a outros lugares, impede-me de pensar em tudo aquilo que não me faz sorrir, soltar uma enorme gargalhada, pular de satisfação.<br />A melodia soa. Os pés saem do chão. A mente voa e eu deixo-me levar. Ando por aí. Por aí, algures. Talvez um dia decida parar de me perder em mundos imaginários onde nada me aborrece. Mas eu sei que isso nunca acontecerá. Nunca vou largar este pedaço de vida só minha, o meu lugar perfeito, o meu céu privado onde só eu posso voar livremente. Porque aqui em cima é tudo bem mais bonito...</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-54584175364233359642010-05-01T09:12:00.000-07:002010-05-01T09:21:27.020-07:00<div style="text-align: justify;"><br />Abre a janela, sente o dia, fecha os olhos imaginando o sol; sai do quarto, desce as escadas, ou melhor, o corrimão, como em tempos fazia. Não toma o café da manhã nem sequer se dá ao trabalho de vestir algo mais apropriado. Imagina o mundo, tudo que nele se passa naquele exacto momento em todos os continentes.<br />Na América ainda é de noite, pensa.<br />Pega numa maçã, das encarnadas pois desde cedo diz não gostar do sabor das verdes; abre a porta principal com enorme brutalidade. Quer sair de casa, apenas isso.<br />O jardim permanece igual desde ontem, desde à dois, três, quatro dias; desde à dois, três, quatro anos. O banco vermelho já tem ferrugem, sinais do tempo, mas encontra-se no mesmo sítio: debaixo do Carvalho.<br />Corre até ele. Senta-se. Respira ofegantemente até se acalmar. Deita-se no banco, encostando os joelhos ao peito, envolvendo-os com os braços.<br />E rapidamente adormece. Ali os pesadelos não a atormentam.<br /></div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-19375809273630586422010-05-01T08:24:00.001-07:002010-05-01T08:24:31.401-07:00<span style="font-weight: bold;"><br />Pensava</span>. Todos os dias ela pensava naquele determinado assunto, aquele mar de códigos complicados e difíceis de <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">descodificar</span>. Segundos, minutos, horas. Tudo isto passava <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">velozmente</span></span>, tal como o vento que batia na sua face, calmo e real. Água surgia, <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">então</span>, sob a forma de lágrimas, insípida como a questão central, aguada como toda aquela situação, descontrolada.<br /><div style="text-align: justify;">Disse-lhe que pensa demais. Talvez o melhor seja parar de pensar...</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-58152758269430012022010-05-01T08:23:00.000-07:002010-05-01T08:24:13.247-07:00Vidros.<br />Vidros partidos ao longo do caminho. A fonte é desconhecida. Não sabe de onde vieram, e na verdade sente-se demasiado inerte para descobrir. Magoam. Sim, magoam-na quando ela por eles se atreve a passar. Rapariga estranha.<br />Vazio. Assim permanece o seu olhar como se algo lhe faltasse, como se a alegria por vezes lhe fosse tirada e mais tarde devolvida, para dias após esta voltar a ser roubada. E porquê? Porquê toda esta confusão, este emaranhado de fios de lã, quente e aconchegante lã daquele velho novelo que durante anos permaneceu na prateleira. Até que ponto viverá nesta estranha brincadeira do dá e tira? Até que ponto é um simples sorriso algo tão cobiçado, como se de um doce fitado por uma inocente criança se tratasse?Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-5629943288150288792010-05-01T08:16:00.001-07:002010-05-01T08:16:26.802-07:00As folhas começaram a cair. O Outono deixou de se esconder. Mostrou a cara.<br />Ela saiu de casa bem cedo, como todos os dias fazia, não porque tinha aulas, não porque tinha compromissos, trabalho ou assuntos sérios a tratar. Simplesmente acordava cedo para sentir o ar matinal, para que a primeira brisa lhe batesse no rosto. Isso fazia-a sentir-se viva.<br />Acordar cedo, era já rotina.<br />Percorria os corredores que uniam o seu quarto à restante casa, descia as escadas que separavam a sua casa do jardim das traseiras e os seus pés finalmente pisavam a relva fresca com enorme delicadeza.<br />Respirou fundo. As suas mãos suaves formaram então uma cruz em frente ao peito e percorreram os seus braços. Estavam gelados, como há muito não estavam. Afirmação do Outono, supôs.<br />Apressadamente voltou a percorrer as escadas, uma por uma, nenhuma falhou.<br />Abriu a porta, deslizou pelos corredores, entrou no seu quarto e regressou, voltando os seus pés a tocar na verde relva..<br />Desenrolou uma pequena manta colorida, feita em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">crochet</span> pela sua <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">avó</span> materna, a D. Aurélia, e colocou-a sobre os ombros gelados.<br />Recordou uma pequena conversa que com ela teve antes de esta falecer naquele terrível Inverno de 98.<br /><br /><span style="font-style: italic;">- Avó, como sabemos que escolhemos o nome certo para alguém?</span><br /><span style="font-style: italic;">- Oh minha querida, não sei. Mas se deres um nome que gostes a alguém aposto que essa pessoa vai adorar...</span><br /><span style="font-style: italic;">- Oh, mas a minha mãe gosta do meu nome e eu não. Avó, quem escolheu o teu nome?</span><br /><span style="font-style: italic;">- Foi o meu pai. Mas porque perguntas?</span><br /><span style="font-style: italic;">- Bem...é um nome estranho. Acho que nunca daria esse nome a uma filha...</span><br /><span style="font-style: italic;">- Pois é. E sabes? Tal como tu odiava o meu nome...até saber o seu significado.</span><br /><span style="font-style: italic;">- Significado?</span><br /><span style="font-style: italic;">- Sim. Todos os nomes significam algo, e Aurélia significa "brilhante como o sol"</span><br /><br />Sorriu. Sorriu pela sua bela ingenuidade de criança, pela sua avó e pelas conversas que ambas tinham diversas vezes na velha cozinha amarelada, onde uma das paredes estava visivelmente mais suja devido à proximidade da lareira que as aquecia enquanto permaneciam sentadas, a avó na cadeira de baloiço e ela numa grande almofada cor-de-rosa, durante os dias mais frios.<br />A brisa surgiu, leve e fresca como sempre, trazendo consigo algumas folhas soltas, <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">caídas</span> recentemente das árvores que o jardim possui. Cerrou os olhos, apertou a manta contra o peito; uma lágrima vítrea percorreu todo o seu rosto e, enquanto acariciava a barriga, disse junto a uma velha placa rodeada de belas flores:<br /><br />- Avó... em mim carrego um pequeno raio de sol que em breve trará à minha vida tanta alegria como aquela que sempre me deste. Avó... diz olá à Aurélia!<br /><br />(E a brisa voltou a bailar com as folhas enquanto o sol brilhou, mais forte do que nunca.)Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-77723253683782288942010-05-01T08:15:00.001-07:002010-05-01T08:15:56.533-07:00<span style="font-style: italic;"><br />- Olá, tudo bem?</span><br /><br />E repentinamente ficou mais vermelha que um tomate, como se as suas bochechas tivessem sido afectadas por um fogo intenso.<br />Ele nada disse, apenas sorriu timidamente. Detentor de uma beleza divina conseguiu, sem qualquer intenção, fazer com que as suas pernas cambaleassem, como se de um momento para o outro o seu equilíbrio tivesse abandonado todo o seu corpo, como se de um fugitivo se tratasse.<br />Rebobina o momento infinitas vezes somente porque a faz sorrir. Já há muito não se sentia assim, tão leve.<br />O episódio volta a acontecer, mais uma vez, mas apenas na sua cabeça. Parece real, como se o estivesse a viver enquanto relembra. Já passaram meses mas continua tudo nítido.<br />Pé ante pé caminhava sobre a calçada. Naquele final de tarde, tudo estava notoriamente normal e assim continuaria se ele não tivesse surgido no seu anglo de visão. Um aperto na barriga tomou posse dela e, sem o controlar, continuou a avançar como quem tenta manter a naturalidade da situação, para não dar muito nas vistas.<br />Ele ficava cada vez mais perto e o seu nervosismo aumentava consideravelmente. Ela olhou-o e umas palavras não pensadas saíram subitamente da sua boca. Palavras não, talvez ruídos que dificilmente foram entendidos.<br />Ele retribuiu o olhar e respondeu delicadamente a tais palavras, com o ar mais tímido e fascinante do mundo.<br />Ela quase caiu ao descer as escadas. Foi tudo tão repentino mas também demasiado lento, como se o efeito câmara-lenta estivesse patente naquele episódio, que todos os dias lhe surge na mente, de olhos fechados, de olhos abertos.Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-7570866068431528762010-05-01T08:14:00.001-07:002010-05-01T08:14:11.454-07:00O toque<div align="justify"><br />Um rapaz, uma rapariga. De mãos dadas caminham enquanto os seus gastos sapatos criam sons estranhos mas engraçados na neve branca.: shap, shap, shop, shop. Algo deste género, suponho! É estupido mas incrivelmente agradável vê-los caminhar, tão cumplices, tão mágicos. É inegável o brilho nos olhos que surge quando se olham. </div><div align="justify">Dão as mãos, não só porque está frio e o mais pequeno calor do tacto acaba por ser saudável mas também porque acaba por se tornar quase insuportável não se tocarem, não se sentirem.</div><div align="justify">São diferentes mas posso afirmar com certeza que se complementam. </div><div align="justify">Ele gosta dela, ela dele. não basta?</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-82435113585542680562010-05-01T08:12:00.001-07:002010-05-01T08:12:38.570-07:00O <strong>mundo</strong> já não passa por mim como se nada fosse, já não me olha com olhos tímidos ainda que a timidez não tenha desaparecido completamente. Já não pensa se deve ou não falar, se vou ou não responder, se vou ou não gostar. O mundo mudou, deixou de se esconder atrás dos cortinados, atrás das mãos frias. O mundo perdeu a vergonha e convidou-me para sair com ele, para rir com ele, para não sair da sua beira; convidou-me para ser parte dele.Deixamos de ser dois mundos distintos. Passamos a ser um estranho e indescritivelmente maravilhoso <strong>singular</strong>.Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-16879340595180852402010-05-01T08:11:00.001-07:002010-05-01T08:11:33.355-07:00O amor é...<span style="font-weight: bold;"><br />Ele:</span> Amor é o conjunto de reacções que acontecem quando estamos com a pessoa em questão: as pupilas dilatam, o estômago contrai-se e o batimento cardíaco acelera.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Ela: </span> E não te esqueças que amor é quando o hálito matinal deixa de ter importância.Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-3574091721207375372010-05-01T08:10:00.001-07:002010-05-01T08:10:24.759-07:00Foge Foge Bandido<div style="text-align: justify;">Olá - disse ele da forma mais entusiasmada possível de ser demonstrada.<br />Ah..olá! - respondeu friamente aquela que já há muito tempo ocupa o seu coração, a sua mente, os seus sonhos enquanto olhou por breves segundos para o doce rapaz de blusão azul.<br />Mas que fiz eu de errado? - questionou-se - Tem sido sempre assim desde aquela estranha tarde em que fomos apresentados pelo meu irmão mais velho.<br />Caminhou até casa sempre matutando no mesmo, ainda que o tempo gasto na procura de respostas para tão frias reacções por parte dela fosse, definitivamente, tempo muito mal gasto.<br />Em frente à simplória casa pintada com um fresco branco, onde já são notórias as marcas da infinita passagem das folhas do calendário, e após ter visto a correspondência, que rapidamente se mostrou inexistente, na caixa de correio encarnada, procurou as chaves de casa.<br />Estas, que demoraram a ser encontradas devido à visível confusão em que a mochila desgastada se encontra, estão unidas por um pequeno porta-chaves que contém uma estrela do mar, encontrada há uns belos anos atrás pelo seu falecido avô Joaquim numa praia algures no Norte do país.<br />Abriu a porta, pousou a mochila e subiu apressadamente as escadas evitando falar com a sua mãe que no momento da sua chegada estava no hall de entrada, junto a uma mesa redonda, a falar ao telefone sobre um determinado assunto relacionado com a sua modesta loja na baixa de Coimbra.<br />- Dê-me um segundo, por favor. - pousou o telefone - Luís! Luís.....LUÍS!!<br />Uma pequena voz quase abafada respondeu de modo breve:<br />-Mãe...agora não!<br />Fechou a porta do quarto. Não a trancou pois sabia que ninguém iria invadir o seu pequeno espaço sem a sua autorização, fosse qual fosse o motivo.<br />Ligou o seu computador, aquele que era do seu irmão mais velho. Não sei porquê, mas existe uma certa tendência para os irmão mais novos ficaram sempre com os ditos restos. Mas ele não se importava.<br />Abriu um página web e nela inseriu um estranho endereço. A página abriu. O conteúdo assemelhava-se a um blog mas nunca cheguei a confirmar esta minha suposição. Com certeza, apenas posso enunciar as palavras que naquele pequeno texto se podiam ler.<br />"Hoje foi o fim? Hoje foi o início? Acabou ou começou, não sei. Mas sinceramente tanto faz...apenas quero é continuar"</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-714800896647358987.post-399036946896207622010-05-01T08:08:00.001-07:002010-05-01T08:10:34.966-07:00<div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold;">Francisco Silva, 30 anos, sonhador.</span><br />Gosta de apanhar sol na velha varanda das traseiras de sua casa, onde já muitas vezes ficou vermelho como um tomate, comer pasteis de Belém e bolas de Berlim.<br />Não gosta do cheiro a terra molhada e a gasolina, a chuva forte que se faz sentir quando não tem guarda-chuva e as novelas que a sua mãe vê enquanto faz roupinha de lã para as crianças do orfanato.<br /></div>15 de Junho de 1988. 16 horas e 16 minutos. Aqui, algures neste enorme parque de diversões, uma pequena criança que se encontra definitivamente na fase de mudança dos dentes come algodão doce cor-de-rosa, afirmando que é melhor que o branco quando o sabor é o mesmo.<br /><div style="text-align: justify;">No outro lado da cidade, um homem recostado no mais velho banco de um jardim localizado na periferia lê pequenos excertos de um livro de capa desgastada e pequenas anotações escritas a lápis que indicam certas frases dignas de atenção.<br />"Mensagem", é o que se lê na capa amarelada. 15 de Junho de 1988, 100 anos e dois dias após do nascimento de Fernando Pessoa, o homem que permanece sentado numa pequena mesa do café Brasileira, na rua Garret da capital.<br />O relato do futebol ouve-se num outro ponto. Não sei qual é o jogo, não ligo muito a isso. Alguém marcou golo e se digo isto não foi por prestar atenção à voz familiar que se fazia ouvir através do velho philips dos anos 50 mas sim pela habitual reacção dos típicos homens de tasca, que as tardes passam ali enfiados, com as cartas, o vinho e as conversas do costume. O philips...Que bonito rádio. Modelo Sagitta como o do bisavô paterno da minha adorada mãe.<br />E aqui está o sol já a dizer adeus enquanto guardo o pião e o cordel no bolso do casaco remendado. Deu-me vontade de reviver os tempos perdidos. Apeteceu-me prestar atenção.</div>Daniela Salsahttp://www.blogger.com/profile/11699323522587368377noreply@blogger.com0